Manifestação pela Participação Ampla no Debate do Novo Código Eleitoral

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A Plataforma dos Movimentos Sociais por Outro Sistema Político, formada por 140 movimentos sociais e organizações da sociedade civil, bem como parceiras vêm, por meio desta nota, manifestar a necessidade urgente da realização de audiências públicas e da participação ampla no debate sobre o Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 112/2021, que institui o novo Código Eleitoral, sob relatoria do Senador Marcelo Castro (PP-PI).

Objetivo do PLP 112/2021

Oficialmente o PLP 112/2021 visa consolidar a legislação eleitoral e partidária – além das normas do Tribunal Superior Eleitoral – em um único instrumento. Este projeto pretende fixar princípios gerais em matéria de direito eleitoral, estabelecendo parâmetros seguros para a aplicação das regras pelo Poder Judiciário. Consolidar toda a legislação eleitoral em uma única lei pode, de fato, facilitar o acesso e a compreensão das regras, tornando o processo mais transparente e acessível.

Do ponto de vista das organizações e movimentos que assinam esta nota, o PL se for aprovado como está na relatoria do Senador Marcelo Castro – MDB/ PI  pode  significar retrocessos em alguns pontos que já foram conquistados, por exemplo na participação das mulheres,  pessoas indígenas, negras e LGBT+ no processo eleitoral. 

A Importância do Debate Público

No entanto, é crucial que as mudanças propostas no novo código sejam analisadas com rigor para garantir que realmente contribuam para a estabilidade e aprimoramento da legislação eleitoral. Algumas alterações podem trazer insegurança jurídica ou permitir interpretações que comprometam a lisura e imparcialidade das eleições, além de representar retrocessos a direitos já adquiridos.

Lacuna na Participação da Sociedade Civil

Embora a Deputada Margarete Coelho PP/PI tenha realizado audiências públicas na Câmara Federal para discutir o PLP e apresentar contribuições de organizações  e especialistas, essas sugestões não foram suficientes para abordar todos os pontos de extrema transformação e  serviram apenas de base para a formulação do texto final, que não foi submetido a novos debates com a sociedade civil organizada antes de ser levado a Plenário e aprovado pela Câmara. Portanto, a tramitação do PLP no Senado Federal, como Casa Revisora, deve ser realizada da forma mais ampla e democrática possível, com novas discussões com especialistas, representantes da sociedade civil e diversos setores políticos, por meio de novas audiências públicas.

Falta de Audiências no Senado

O PLP 112/2021 deu entrada no Plenário do Senado em 16/09/2021 e foi enviado para a Comissão de Constituição e Justiça – CCJ no dia seguinte. Foram designados quatro relatores ao longo da tramitação, sendo o último o Senador Marcelo Castro MDB/PI, nomeado em 13/04/2023, que apresentou parecer favorável em 20/03/2024. Em quase doze meses entre a designação do relator e a apresentação do relatório, nenhuma audiência pública foi convocada. As alterações propostas pelo Senador Marcelo Castro devem ser submetidas ao debate público. E nos posicionamos contra a qualquer possibilidade  de eliminação da obrigatoriedade da cota de gênero nas chapas proporcionais e demais  direitos conquistados ao longo do tempo por muitas lutas.

Ação Imediata Necessária

Recentemente, pressionado por representantes da sociedade civil, o relator afirmou que reavaliaria o relatório, analisaria as emendas propostas e apresentaria um novo texto. No entanto, fomos surpreendidos com a informação de que o relatório, sem qualquer retificação, será votado na CCJ no próximo dia 05/06 e poderá ser levado ao Plenário para votação e aprovação no mesmo dia.

É essencial que o processo legislativo esteja aberto à participação ampla da sociedade civil, com a realização de audiências públicas para discutir a atual versão do Código Eleitoral, ainda não debatida em nenhuma das casas. A justiça eleitoral também deve estar aberta à atuação da sociedade civil no controle social da política. Sem diversidade, não há democracia. A defesa e o aumento das ações afirmativas que promovam a equidade racial, étnica e de gênero no processo eleitoral brasileiro devem ser prioridades nas reformulações da legislação, garantindo segurança e representatividade a candidaturas de mulheres, pessoas negras, LGBT+ e indígenas, grupos historicamente marginalizados na participação política e frequentemente alvos de violência política.

Assinam esta nota as seguintes organizações: 

  1. A Tenda das Candidatas
  2. Aliança Nacional Lgbti+
  3. Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB)
  4. Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
  5. Articulação dos Povos Indígenas no Brasil
  6. Associação Brasileira de Mulheres de Carreiras Jurídicas (ABMCJ)
  7. Associação Cultura Arte e Movimento LBT Negritude
  8. Casa Laudelina de Campos Mello – Organização da Mulher Negra
  9. Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA)
  10. Centro Palmares de Estudos e Assessoria por Direitos
  11. Coalizão Negra por Direitos
  12. Evangélicos Pela Justiça (EPJ)
  13. Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad)
  14. Fórum da Amazônia Oriental – FAOR
  15. INESC – Instituto de estudos socioeconomicos 
  16. Instituto Alziras
  17. Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas- Ibase
  18. Instituto de Mulheres Negras do Amapá
  19. Instituto EcoVida
  20. Instituto Joaquín Herrera Flores – AL
  21. Instituto Marielle Franco
  22. Instituto Mulheres no Poder
  23. Instituto Prios de Políticas Públicas e Direitos Humanos
  24. Instituto Soma Brasil
  25. Instituto Update
  26. ISER ASSESSORIA
  27. MCCE MOVIMENTO DE COMBATE A CORRUPÇAO ELEITORAL
  28. Movimento Mulheres Negras Decidem
  29. Núcleo de Evangélicos e Evangélicas do Partido dos Trabalhadores em Goiás
  30. Nzinga Coletivo de Mulheres Negras de Belo Horizonte-MG
  31. Odara – Instituto da Mulher Negra
  32. Pastoral da Juventude do Meio Popular
  33. Plataforma de Direitos Humanos – Dhesca Brasil
  34. Plataforma dos movimentos sociais por outro sistema politico 
  35. Rede Nacional da Promoção e Controle Social da Saúde, Cultura e a direitos das Lésbicas Negras-REDE SAPATÀ
  36. REDE NACIONAL FEMINISTA DE SAÚDE , DIREITOS SEXUAIS E DIREITOS REPRODUTIVOS
  37. Semeando a Agroecologia nas Escolas e Comunidade Rurais
  38. SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia
  39. VoteLGBT
  40. Aline Ferreira Pedroso – OAB/SP 326.755
  41. Álvaro Bernardino Filho – OAB/SP 275.095
  42. Ana Beatriz da Silva Mancz OAB/SP 437.281
  43. André Luís de Paula – OAB/SP 153.825
  44. Antonio Carlos Laudanna OAB/SP n. 70580
  45. Antonio Rulli Neto. OABSP 172507
  46. Bruna Muriel Alves Baptista – OAB SP 317.422
  47. Bruno Cesar de Caires, OAB/SP 357.579
  48. Carla Maria Nicolini-OAB/SP 131.175
  49. Carlos Eduardo Gomes Callado Moraes, OAB/SP 242.953
  50. Eder Vinicius Cardoso Tolentino – OAB/SP 336.249
  51. Elke Gomes Veloso – OAB/SP 137.615
  52. Fátima Cristina Pires Miranda OAB/SP 109.889
  53. Fatima Nieto Soares – OAB/SP 100.067
  54. Felipe Augusto da Costa Souza OAB/SP 348.018
  55. Fernando Garcia Carvalho do Amaral – OAB/SP 152.005
  56. Gabriel Gomes Ferreira de Oliveira Lima OAB/SP 480.099-S
  57. George Melão – OAB/SP 384.804
  58. Geraldo Agosti Filho – OAB/ SP – 69.220.
  59. Hélio Freitas de Carvalho da Silveira, OAB/SP 154.003
  60. Izabelle Paes Omena de Oliveira Lima, OAB/SP 196.272
  61. João Fernando Lopes de Carvalho – OAB/SP 93.989
  62. Joel de Souza Milan – OAB SP 257.264
  63. Leocir Costa Rosa – OAB SP 165601
  64. Leonardo Shihara Freire Pereira, OAB/SP 163.533
  65. Luis Augusto Borsoe – OAB-SP 221.247
  66. Maíra Calidone Recchia Bayod OAB/SP 246.875
  67. Marcela Belic Cherubine – OAB/SP 113.601
  68. Marcos Paulo Jorge de Sousa, OAB/SP 271.139
  69. Maria Silvia Madeira M. Salata – OAB/SP 281.440
  70. Marisa Amaro dos Reis, OAB/SP 233.114
  71. Maurício Cesar Bonfim OAB/SP 320938
  72. Michel Bertoni Soares, OAB/SP 308.091
  73. Milton de Moraes Terra-OAB/SP 122.186
  74. Milton Dotta Junior OAB/SP 254.364
  75. Olivia Raposo da Silva Telles – OAB/SP 125.930
  76. Paulo Sérgio Mancz OAB/SP 262.182
  77. Renato Pereira de Camargo OAB/SP 229.676
  78. Ricardo C. Cury – OAB/SP 162.207
  79. Ricardo Penteado, OAB 92.770
  80. Roberto Ap. Amadeu OAB/SP 472743
  81. Silvio M Salata – OAB/SP 46.845
  82. Winallan Júnior Lopes da Silva – OABSP D N. 361.968