Roda de conversa da região Sudeste, organizada pela Plataforma, tem participação de movimentos e organizações sociais, para debater conjuntura nacional e regional

Representantes de movimentos e organizações sociais de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, participaram nos dias 30 e 31 de julho, da roda de conversa da Região Sudeste, promovida pela Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político. O encontro teve  como objetivo debater alguns temas cruciais para o Brasil: quais os caminhos para construir um novo sistema político? Quais direitos devem ser garantidos para fortalecer a democracia e contribuir para uma sociedade justa e inclusiva? Qual sistema eleitoral e político que nos representa?

Após um momento de boas-vindas e acolhimento aos participantes da roda de conversa, representantes da Plataforma fizeram uma análise da conjuntura nacional. O consenso é de que o debate promovido durante o encontro, precisa ter continuidade no ano que vem, em especial por que os temas em destaque na conjuntura nacional atualmente, vão estender-se em 2022. Entre esses assuntos estão a aprovação do Fundo Eleitoral de R$ 5,7 bilhões de reais, pelo Congresso Nacional; a proposta do Distritão (que faz parte do emendão da PEC 125/2011) e sobre as transferências especiais de dinheiro público a estados e municípios (as chamadas emendas pix), que até o final de julho deste ano totalizaram R$ 1 bilhão de reais em recursos – um valor 70% maior que do ano 2020 inteiro. 

Dando prosseguimento ao encontro, representantes de movimentos e organizações sociais do Sudeste fizeram uma análise de conjuntura regional no que diz respeito à atuação dos governos Federal, estaduais e municipais em vários aspectos, entre eles as ações de combate ao Covid-19, em especial aos planos estaduais de vacinação. Aliada a tragédia sanitária, os relatos foram de desemprego, vulnerabilidade alimentar, violência contra as mulheres (em especial mulheres negras), impactos da pandemia e da falta de planejamento dos governos na educação (principamente no quantitativo de jovens fora das escolas) e a união perigosa de governos e milícias (destacando aqui a realidade do Rio de Janeiro). Além disso, os depoimentos dos participantes da roda de conversa trouxeram uma realidade de descaso dos governos, que afeta especialmente a população negra, os povos originários e a população quilombola. 

No segundo dia de encontro, 31 de julho, os representantes de movimentos e organizações sociais foram apresentados a versão 3.0 da Plataforma, que é um documento de sistematização, que traz uma síntese dos diálogos e convergências políticas, desde 2016 até o presente momento. Também fazem parte do subsídio para versão 3.0, os debates que serão feitos nos encontros regionais em 2021 (já foram realizados o da região Centro-Oeste e agora Sudeste), webinários, artigos, programas de rádio, vídeos e campanhas (que são divulgados pela Plataforma no site e nas mídias sociais). O documento, que tem como meta ser finalizado em 2022, tem como temas centrais o enfrentamento ao racismo, ao patriarcado e a lesbohomotransfobia.

Durante o segundo dia de encontro os participantes também foram convidados a refletir e debater sobre questões importantes para o fortalecimento da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político: precisamos de uma reforma do sistema político atual ou de um novo sistema político? Como a plataforma deve se organizar para agir diante dos relatos apresentados, sobre os problemas da região Sudeste? A partir das especificidades da região Sudeste (apresentadas pelos representantes) que aspectos devem ser considerados para um novo sistema político? Para a reflexão, sobre esses questionamentos, representantes da Plataforma, lembraram da campanha “Quero Me Ver no Poder”, que teve o intuito de sensibilizar a população para o enfrentamento da sub-representação nos espaços de poder. Exatamente porque se a ideia é construir um novo sistema político, a representatividade de todos, em especial das pessoas que estão nas periferias e das minorias em geral, deve ser amplamente considerada. 

Como resultado do debate, pautado nessas questões, os participantes da roda de conversa da Região Sudeste trouxeram alguns encaminhamentos: a urgência em incorporar os grupos historicamente excluídos para construir ou reformar o sistema político do nosso país; perceber que o sistema político deve ser pautado no “ser humano” e não no capital; agir para frear as ações de retrocessos das reformas política e eleitoral; da possibilidade de que a construção de um sistema político deve passar antes pela proposta de uma nova constituição; da necessidade de traduzir, para a sociedade em geral, os temas complexos das reformas pautadas pelo Congresso Nacional; buscar estratégias, a exemplo da campanha “Quero Me Ver no Poder”, que busquem empoderar a sociedade civil sobre o tema democracia; e criar mais metodologias de aproximação com a população, para disseminar os objetivos e ações da Plataforma.

Durante os dois dias de encontro, os participantes tiveram momentos de desabafos, mas também de acolhimento. Para compor esses momentos, duas atrações culturais enalteceram a cultura brasileira: o Bando Régia (https://www.facebook.com/bandoderegia/) e o cantador, cordelista e repentista Téo Azevedo (https://www.youtube.com/watch?v=ICsZWd6m_Iw). Ao longo do Encontro, também foi construído um mapa online de lutas da região Sudeste, que identificou locais, ações e movimentos de resistência que atuam no sentido da conquista de uma sociedade efetivamente democrática.