O luto tomou conta do País pela morte da vereadora carioca Marielle Franco, do PSOL, e do motorista Anderson Gomes. Milhares optaram, porém, por transformar sua dor e indignação em atos políticos. No Rio de Janeiro, uma multidão uniu-se para cobrar respostas pela execução da parlamentar, relatora da comissão sobre a intervenção federal na Câmara e responsável por denúncias recentes de homicídios nas comunidades.
Após o velório de Marielle na Câmara dos Vereadores, uma multidão se reuniu na Assembleia Legislativa do Rio em vigília pelo esclarecimento do assassinato da parlamentar, reconhecida por sua luta pelos direitos humanos e por pautas sensíveis aos direitos das mulheres e da população negra.
Em seu twitter, o PSOL definiu: “quiseram te enterrar, mas não sabiam que era semente”. Foi certamente um dos maiores atos do campo progressista desde o início das jornadas de junho, quando centenas de milhares foram às ruas em São Paulo e no Rio de Janeiro em resposta à brutalidade da polícia militar nos primeiros atos do Movimento Passe Livre.
Protestos se espalharam pelo País. A vigília por Marielle teve grande adesão na capital paulista, onde milhares se concentraram desde o início da noite na frente do vão do Masp. Em Brasília, centenas de cidadãos se reuniram na praça Zumbi dos Palmares, que ostenta um busto do líder do quilombo.
O que se sabe até agora sobre o assassinato?
Segundo os primeiros relatos da mídia, policiais da Divisão de Homicídio acreditam que os responsáveis sabiam exatamente o lugar onde a parlamentar estava, no banco traseiro à direita. Os disparos foram feitos de trás para frente do veículo e perfuraram a janela lateral traseira. O veículo era um Choverolet Agile branco, com vidros escurecidos. O carro dos criminosos era um Chevrolet Cobalt. Não houve qualquer item furtado.
Foram encontrados nove estojos no local. Marielle foi atingida por três tiros na cabeça e um no pescoço, e Anderson com quatro tiros nas costas. A assessora de imprensa de Marielle, Fernanda Chaves, foi atingida por estilhaços.
O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) reuniu-se com o comando da Polícia Civil na manhã desta quinta-feira 15. Estavam presentes o novo chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, além dos delegados Fábio Cardoso e Ginilton Lages, que acaba de assumir a titularidade da Divisão de Homicídios, responsável pela investigação do caso.
De acordo com Barbosa, Richard Nunes, secretário de Segurança, deu “total apoio e transparência nessa investigação”.
O novo chefe da corporação há apenas dois dias. Ele foi convidado para o posto pelo interventor federal, o general Walter Braga Netto.
De acordo com a Polícia Civil, o encontro teve como objetivo “reiterar o compromisso da Instituição na elucidação da morte da vereadora.” “Nós vamos dar uma resposta necessária e suficiente para esse crive gravíssimo”, diz em nota Barbosa. Ele afirmou que a investigação está sob sigilo. A Polícia Civil não descarta “nenhuma possibilidade sobre a motivação do crime”.