Bancada BBB articula para vetar cota de mulheres na Câmara

Apesar de estar incluída na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que trata da reforma política, a instituição de uma cota de gênero para que o Congresso Nacional e os parlamentos estaduais e municipais passem a contar com, pelo menos, 30% de mulheres na sua composição não é bem vista pelos deputados federais. Principalmente pelos integrantes da bancada da Bala, Evangélica e do Agronegócio, também denominada de ‘bancada BBB” (bala, boi e bíblia).

 

Conforme parlamentares ouvidos por Congresso em Foco, a ala mais conservadora da Casa articula nos bastidores uma forma de se tentar vetar a cota de mulheres no parlamento. O raciocínio deles é simples: a reserva de vagas para mulheres, na visão dos deputados mais conservadores, atrapalha o jogo político e cria uma disputa “desigual” entre homens e mulheres no Parlamento. “Com cota, uma mulher vai chegar à Câmara com um número bem menor de votos em relação aos homens”, analisou um integrante da bancada BBB.

A expectativa é que o tema cota para mulheres seja discutido no início de junho . No entanto, conforme integrantes da bancada BBB, os parlamentares ainda tentam viabilizar uma forma de se retirar a parte relacionada à cota de mulheres do texto da reforma política para se evitar um eventual desgaste de que o tema seja rejeitado em Plenário. “A ideia, na prática, é se vetar a cota das mulheres. Poucos são os deputados que estão interessados nisso”, admitiu um parlamentar integrante da base do governo ao Congresso em Foco.

Na semana passada, a bancada feminina fez um ato na Câmara dos Deputados pedindo a cota para mulheres no Parlamento. Segundo o Fórum Nacional de Organismos Governamentais de Políticas para as Mulheres, as mulheres representam 52% do eleitorado, mas ocupam 10% das vagas na Câmara, 16% no Senado, 11% nas assembleias legislativas e 13% nas câmaras de vereadores.

“Não é possível continuar convivendo com um sistema político que não reflita o protagonismo das mulheres na sociedade brasileira. Tem uma série de impedimentos para que as mulheres cheguem ao Poder Legislativo. Defendemos as cotas para as vagas das cadeiras nos parlamentos. O governo apoia a reforma política inclusiva, e as mulheres são prioridade nessa inclusão”, disse, na semana passada, a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicuc

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