Eles foram os protagonistas da articulação que ao longo do ano passado buscou fazer um esboço de reforma política como resposta para as manifestações de junho. Em comum, a convicção sobre o financiamento privado e a defesa dessa bandeira no texto da reforma que nasceu a partir do trabalho do grupo formado na Câmara dos Deputados com a tarefa de buscar consenso sobre o tema.
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), Leonardo Picciani (PMDB-RJ), Vicente Cândido (PT-SP), Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Carlos Zarattini (PT-SP) já arrecadaram juntos R$ 11.115.081,50.
Líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Cunha é um dos mais ferrenhos defensores do financiamento privado de campanha. Ele já contabiliza R$ 3.683.333,33 em verbas arrecadadas para seu comitê.
Cunha, que tem planos de uma candidatura à presidência da Câmara na próxima legislatura, recebeu verbas repassadas por meio do diretório partidário que tiveram como doador a distribuidora de bebidas CRBS S.A., que doou R$ 1 milhão, Telemont Engenharia Telecomunicações S.A., que doou R$ 900 mil, a mineradora Mineração Corumbaense Reunidas S.A., com R$ 700 mil, Banco BTG Pactual, com R$ 500 mil, e o Bradesco Saúde, que repassou R$ 250 mil. Cunha também recebeu doação no valor de R$ 333 mil da Rima Industrial S.A.
Conterrâneo de Cunha e aliado próximo do líder peemedebista, principalmente no que diz respeito à manutenção das doações privadas, Leonardo Picciani também tem desempenho acima da média em termos de arrecadação. Ele conquistou a simpatia política da Hosp Rio Material Hospitalar Ltda., que repassou ao PMDB R$ R$ 500 mil. O presidente do PMDB carioca também foi agraciado com R$ 500 mil da Ipe Engenharia Ltda e R$ 199 mil da Construtora Queiroz Galvão. No total, Picciani já arrecadou R$ 1.202.212,50.
Na Bahia, Lúcio Vieira Lima só fica atrás de Benito Gama (o presidente nacional em exercício do PTB já contabiliza R$ 4.034.501,36) e Jutahy Júnior (o tucano já arrecadou R$ 1.852.853,20) quando o assunto é arrecadação de dinheiro para a campanha por uma vaga na Câmara dos Deputados. Lima é um dos mais próximos aliados de Cunha e, apesar de estar na sua segunda disputa eleitoral aparece em terceiro lugar no ranking dos candidatos a deputado federal mais abonados da Bahia, arrecadou R$ 1.489.750,00.
Na segunda parcial de sua prestação de contas para a Justiça Eleitoral, Lima contabiliza doações originárias da Construtora OAS, com R$ 732 mil, a gigante do setor de alimentos JBS, que repassou R$ 200 mil e Bradesco Saúde, origem de R$ 100 mil repassados ao candidato via diretório estadual do PMDB.
Petistas
Apesar da posição histórica do PT em defesa do financiamento exclusivamente público de campanhas, três de seus parlamentares atuaram em conjunto com Eduardo Cunha e o PMDB no âmbito do grupo de trabalho da reforma política em defesa do modelo atual de financiamento.
Cândido Vaccarezza coordenou o grupo a revelia do partido, que indicou o então deputado federal Ricardo Berzoini para representar a legenda do no grupo. Defensor do financiamento privado nos moldes atuais, Vaccarezza também não pode se queixar de dificuldades de arrecadação. O petista já contabiliza R$ 1.146.235,66 para sua campanha.
O deputado que coordenou o grupo de trabalho da reforma política na Câmara recebeu quatro grandes doações que compõem a maior parte do dinheiro que o petista levantou. Recebeu R$ 191,5 mil da Braskem (parte em doação direta, parte repassada via diretório nacional). Recebeu ainda R$ 380 mil da empresa Arasuco Aromas e Sucos, R$ 300 mil da Cosan Lubrificantes e Especialidades e R$ 95 mil repassados pelo diretório do PT doados por CR Almeida Engenharia em Obras.
Carlos Zarattini, deputado que tem articulação próxima a Vaccarezza, já ultrapassou a marca dos R$ 2 milhões em arrecadação: foram R$ 2.374.500,01. Zarattini recebeu aporte de R$ 200 mil para sua campanha do Centro Educacional Nossa Cidade. Também contabilizou R$ 380 mil repassados pela Construtora OAS pro meio do diretório nacional, R$ 475 mil do Banco Safra, R$ 200 mil do Banco BGT Pactual, R$ 332,5 mil da Construtora Queiroz Galvão, R$ 275 mil da BTG Pactual Assent Management e R$ 100 mil da UTC Engenharia.