Os resultados das investigações da Polícia Federal apontaram que o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) – executada juntamente com o motorista Anderson Gomes, no dia 14 de março de 2018 – foi planejado por figuras poderosas e influentes da política do Rio de Janeiro.
Domingos e Chiquinho Brazão – Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Deputado Federal (União Brasil – RJ), respectivamente – foram identificados como os mandantes do crime, além do delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil – RJ, que assumiu o cargo um dia antes do crime.
No último domingo (24), em decorrência da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal efetuou o cumprimento de mandados de prisão dos acusados.
De acordo com as investigações, um dos motivos que levaram ao atentado contra Marielle, seria porque a atuação política da vereadora era uma obstáculo aos interesses políticos dos Irmãos Brazão, sobretudo com relação à grilagem de terras em áreas controladas pela milícia na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Mas não só, sua defesa dos direitos humanos e sua oposição às práticas criminosas foram vistas como uma ameaça.
Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, explicou que a atuação de Marielle como parlamentar representava um obstáculo para os negócios do Clã Brazão. “A vereadora faz parte de um grupo político antagônico a esse grupo que nós identificamos como mandantes do homicídio, e, portanto, tinha vários contraditórios não só em plenário, mas na vida pública como um todo”, declarou à Agência Brasil.
Rodrigues também mencionou a relação entre Domingos, Chiquinho e o delegado Barbosa. Em uma outra delação, o miliciano Orlando Curicica, anteriormente investigado pelo assassinato da vereadora, já havia alegado que Rivaldo Barbosa recebia propina para obstruir investigações na Delegacia de Homicídios.
O começo da elucidação do crime e prisão dos responsáveis, é mais um passo para que seja feita justiça em memória de Marielle e Anderson. É também, ao mesmo tempo, uma demonstração nefasta da relação que existe entre os políticos e as polícias no Brasil, com o crime organizado, que ceifou e ceifa a vida de defensores(as) dos direitos humanos e vítimas aleatórias – quase sempre negras e pobres, não só no Rio de Janeiro, mas em todo o Brasil. O modus operandi é o mesmo em outros locais do país. Como disse a viúva de Anderson Gomes, Agatha Arnaus, “O Estado mata, mente e oculta”.
Neste momento, reafirmamos nosso compromisso com os princípios pelos quais Marielle Franco lutou. Sua memória será honrada com a busca incansável por justiça e com a continuação da luta por um mundo mais justo para todos. Neste sentido, lutar por outro sistema político é fundamental para que a sociedade jamais naturalize conviver com a ideia de que crimes políticos deste tipo são comuns, sempre ocorreram e sempre ocorrerão.
Marielle Vive!