Estou me despedindo da morte
É tempo de estar viva, atenta e forte
O espelho que refletia minha dor, causada por seu desamor quebrou
Eu sou linda, não estou desaparecida
Nossas vozes ecoarão
Seremos a construção do novo viver
Estou atenta e não estou sozinha
Ando nas ruas e me disperso da morte
Não tenho muita saúde, mas tive sorte
Ela esteve por perto
Sentidos e sentimentos despedaçados
Atropelados, amigos e parentes mortos
Foi a pandemia e o governo da mente doentia
Me disperso da solidão, da restrição
Critico a ingratidão
A negligência de quem danificou o país em vez de dar educação
Desejo andanças, abraços, vivências
Da morte não quero lembranças
Minha representatividade no espelho alheio
No preto, na mulher, no pobre
A solidão nunca mais vai me matar de dor
“É preciso está atento e forte. Não temos tempo de temer a morte”
Ocupemos os espaços
Democratizemos nossas vozes
Vamos derrubar os pilares do poder
Atentos!!
“Atenção para as janelas no alto”
“Atenção, ao pisar o asfalto”
A solidão não vai mais me matar de dor
No espelho
Nas ruas
Nos pilares
Seremos nós
Será a nossa escrita firmada
Registrada e respeitada.
Néia Brasil
Texto escrito para a campanha A Democracia que Queremos, promovida pela Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político #DemocraciaQueQueremos