A Covid é o joelho no pescoço das periferias!

Por Markão Aborígine

Em janeiro deste ano, quantos e quantas de nós não refletiu que a polícia ou outras enfermidades matavam mais que a Covid-19? No fundo torcíamos que fosse mentira, era nossa razão acreditando que logo passaria, mas não. E quando nos demos conta já nos sufocava o pescoço.

Ocorre que detentores históricos do poder também alimentaram este discurso, mas por outro motivo, acumulação. Ora é uma assessora do Ministro da Economia aliviada com a morte de idosos, pois assim a Previdência economizaria ao deixar de pagar essas as aposentadorias e demais benefícios. Ora é empresário parabenizando o governo, pois o pior já passou para aqueles da classe alta.

Sabemos que os contaminados chegaram de avião, mas a morte desembarcou nas periferias. Você já parou para pensar porque governadores e prefeitos de todo o Brasil não inauguram os hospitais de campanha ou falam abertamente que isto não é mais necessário? Por esse motivo, pois são justamente os povos e corpos empobrecidos que hoje morrem.

Empobrecidos sim, pois o resultado do seu trabalho lhes é roubado e acumulado pelos verdadeiros pobres que violam direitos e exercem uma política da morte. Empobrecidos para os quais são negadas as condições básicas de sobrevivência. Em grande parte destes Cep’s não há água para higiene, são casas pequenas que não permitem o distanciamento, idosos e idosas sustentam ainda seus familiares. Para tantas e tantos outros não há sequer um lar que garanta o isolamento social.

A real é esse governo fascista e aqueles que o sustentam e dele se beneficiam nos isolaram com um joelho asfixiando. A real é que suas máscaras não escondem as setenta perfurações na casa de uma família em quarentena. A real é que seu álcool não limpa a dor do racismo.

Lembram-se das crianças nordestinas nascidas com microcefalia? Desacreditaram as cientistas da região. Sites e mensagens nas redes sociais falavam do perigo das vacinas e contradiziam quaisquer teorias da conspiração. Esse mesmo racismo que não ouviu os sotaques da ciência ou a renda das famílias atingidas é o mesmo que hoje fala salvar a economia.

Necropolítica não trata de uma tese, uma teoria ou palavra nova para discursarmos, é real e presente há tantos séculos, responsável pelo martírio do João Pedro, do George Floyd e pelas 34 mil pessoas mortas pela Covid-19 somadas à irresponsabilidade do bolsonarismo e suas milícias.

Esse mesmo álcool que higieniza as mãos pode e será usado de outras maneiras. Se a pauta da pseudo esquerda é 2022, a nossa é agora. Não podemos sangrar por tanto tempo, não podemos ver as nossas morrer até lá. Pente por pente paredão pros parasitas, pois como nos lembra Rosane Borges, a violência revolucionária é legítima.

Por Markão Aborígine, 2020

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