STF decide e Eduardo Cunha será julgado por esquema da Lava Jato

 

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) será julgado pelo esquema da Lava Jato. Cunha é acusado pelo Ministério Público Federal pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Ele é suspeito de receber ao menos 5 milhões de dólares de propinas relativos a um contrato para a construção de navios sondas entre a Petrobras e a Mitsui. Ele nega irregularidades. É o primeiro caso de presidente da Câmara réu.

Mesmo com uma situação mais fragilizada a cada dia e vendo suas chances de sobreviver politicamente diminuírem, Cunha tem mantido o seu tom confiante que prevalece nas reuniões com colegas e nas entrevistas, quase que diárias, que concede no salão verde da Casa. Quando, nesta terça-feira, foi questionado se temia a dura semana que teria pela frente, com a análise da representação contra ele no Conselho de Ética, nesta terça-feira, e o início do julgamento de um processo no STF, na quarta, ele afirmou: “Todas as semanas são pesadas. Estamos prontos para enfrentá-las”.

Não foi só isso. Ao ser indagado se temia virar réu na ação em que é acusado por receber propinas no esquema da Lava Jato, disparou: “Se tornar réu não significa ser condenado. Significa apenas a continuidade da ação. Já passei por isso como líder [do PMDB] e depois fui absolvido por unanimidade”. Ele ainda não perdeu a oportunidade de apontar o dedo para outras dezenas de congressistas que também respondem a processos judiciais, vários deles seus aliados. “Aqui na Casa tem vários parlamentares réus, o que não significa que eles serão condenados.”

Sobre um possível afastamento seu da Câmara, pedido pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Cunha seguiu o seu antigo script desde que passou a ser investigado pela Lava Jato: atacou seu acusador. “O pedido de afastamento, não tem a menor lógica jurídica, política. Apenas foi um procedimento político feito pelo PGR [Janot], na época, e tenho certeza absoluta de que o julgamento disso aí será plenamente ao meu favor”.

Quando foi instado a comentar a pesquisa Datafolha que demonstrou que 76% dos brasileiros defendem seu afastamento do cargo, o peemedebista disse que não precisa de aprovação do país. “Não preciso ter popularidade. Diferente da presidente da República, que foi eleita por uma maioria absoluta da população brasileira, eu fui eleito por um segmento do meu Estado. Então, eu não tenho que buscar popularidade, tenho de buscar exercer o meu papel com correição”.


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