Palestrante negro do Fórum Social é abordado pela Brigada Militar por ‘atitude suspeita’

 

No começo da tarde desta quinta-feira (21), o ativista Paulo Sérgio Medeiros Barbosa, da Rede Mocambos, de Pernambuco, foi abordado no Parque da Redenção, na Capital, por dois brigadianos, que justificaram a medida dizendo que Barbosa estava em “atitude suspeita”, ao circular pelo parque. O ativista está em Porto Alegre participando do Fórum Social Temático, onde palestrou em uma das mesas.

Segundo o relato de Barbosa, os policiais queriam revistá-lo e ele se negou. Diante da insistência da Brigada, muitas pessoas que circulavam pela Redenção se juntaram ao redor do representante da Rede Mocambos em apoio, quando mais três viaturas chegaram ao local. O objetivo da polícia era levar o ativista para uma delegacia, o que foi evitado graças aos populares que presenciaram a situação e os demoveram da ideia.

Depois do episódio, Barbosa seguiu para a palestra na mesa “Direitos Humanos, Comunicação e Juventude”, sob gritos de participantes que repetiam “não acabou, tem que acabar, quero o fim da Polícia Militar”. A mesa que o ativista integrava também contou com a presença da ministra das Mulheres, Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes.

“Precisamos de mais movimentos como o que fizeram agora, defender os nossos. O negro é sempre suspeito, atravessando a rua, andando no parque, indo no banheiro; a polícia sempre nos considera suspeitos. Suspeitos de quê? Vemos na polícia uma herança escravocrata e racista. A gente precisa desmilitarizar a policia, que todo o dia mata jovens negros nesse país”, avaliou Barbosa, que é gaúcho de Pelotas, mas mora em Pernambuco. A polícia no Rio Grande do Sul, na opinião dele, “é muita racista e truculenta.”

Nas redes sociais

Logo após a ocorrência, o caso já circulava nas redes sociais, onde o vereador Alberto Kopittke (PT) postou fotos e escreveu um registro da situação: “Uma situação simbólica para reflexão: agora na Redenção um jovem negro foi abordado pela Brigada Militar. Ele entregou sua identidade e se identificou. O policial ordenou que ele o acompanhasse até a delegacia. O rapaz se recusou porque disse que não havia motivo algum para ele ser conduzido. O Brigadiano deu voz de prisão a ele. Dezenas de pessoas que participavam das atividades do FSM foram até ali para evitar que o rapaz fosse levado sem motivo algum. Em 5 minutos, mais de 40 Brigadianos estavam no local. Após minutos de tensão, já com meios de comunicação presentes, o Tenente Coronel Marcus Vinicius chegou ao local e estabeleceu o diálogo e liberou o rapaz. Ele aguardava para palestrar sobre racismo, juventude e direitos humanos no Fórum Social Mundial”.

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