INESC e Plataforma lançam pesquisa sobre o perfil dos candidatos às eleições de 2014

 

Na manhã desta sexta (19), o INESC e a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política lançaram uma pesquisa sobre o perfil dos candidatos às eleições de 2014, o resultado demonstra a sub-representação das mulheres, negros e indígenas no processo eleitoral no Brasil

Com o objetivo de mapear a participação das mulheres, negros e indígenas no processo eleitoral, o INESC realizou uma pesquisa com os mais de 25 mil candidatos que estão disputando as eleições de 2014, seja nas disputas majoritárias e proporcionais.

O resultado traduz, exatamente, a exclusão que traduz o sistema político no Brasil. Em todos os segmentos estudados, a sub-representação é algo concreto.

Mulheres

No universo feminino, apesar de serem a maioria da população brasileira, o percentual de mulheres disputando as eleições de 2014 se limitam aos 30% impostos pela legislação eleitoral como cotas de gênero nos partidos, totalizando 8 mil candidatas, enquanto os homens representam mais de 17 mil candidatos.

Quando o estudo é feito com dois recortes, ou seja, das mulheres negras, o resultado ainda é mais alarmante. Do total dos mais de 25 mil candidatos ao processo eleitoral de 2014, somente 14,02% são mulheres negras.

Para Guacira Oliveira, representante do CFMEA “ o sistema político no Brasil é avesso a democratização do poder e reflete o machismo e o patriarcado da nossa sociedade, os números dessa pesquisa no que diz respeito a sub-representação das mulheres reflete isso”.

População negra

Quando a pesquisa se debruça nas questões raciais, os dados denotam o quanto o racismo no Brasil é estrutural e institucionalizado. Apesar dos homens negros, em termo de percentuais, estarem em um patamar de 30% de representatividade, quando se compara os cargos que este segmento está disputando em relação à população branca, se tem a disparidade.

Para os cargos majoritários, enquanto a população branca representa 67,05% para as candidaturas para os governos estaduais, os negros representam um pouco mais de 32%, já para o Senado Federal, enquanto os brancos representam 67,76%, os negros representam 30,60%.

Tatiana Dias Silva, coordenadora da igualdade racial do IPEA “ o lançamento dessa pesquisa traz dados importantes para podermos mostrar, de forma direta, a sub-representação da população negra como reflexo do recorte econômico que atesta a população negra com maior índice de vulnerabilidade social, da invisibilidade da população negra na  mídia enquanto protagonistas e não de forma estereotipada e do próprio sistema político excludente que temos no Brasil”

Indígenas

Já em relação à população indígena, somente a palavra desigualdade não consegue expressar o cenário de sub-representação desse agrupamento. Dos mais de 25 mil candidatos ao processo eleitoral de 2014, somente 83 são indígenas, e destes 27 são mulheres.

Dentre as 83 candidaturas, a grande maioria são para deputados estaduais e federais, nenhuma candidatura para governos ou à Presidência e somente 3 candidaturas para o Senado.

Paulino Montijo, representante da Associação Brasileira Indígena, reforça a invisibilidade da população indígena e afirma que “ as mudanças no Estado brasileiro precisam ser estruturais, a população indígena vem sofrendo uma total invisibilidade que precisa ser superada, seja na democratização do poder, seja na consolidação dos índios enquanto sujeitos de direitos”.

Para mudar

O sistema político brasileiro promove as desigualdades no acesso para os cargos eletivo, promovida, essencialmente, pelo próprio financiamento privado de campanha. A lógica do financiamento atrelado aos interesses dos grupos privados, inviabiliza a diversidade na democracia representativa no país. A própria definição dos partidos e das candidaturas “prioritárias” respondem a essa lógica.

Para José Moroni, representante da Plataforma Política dos Movimentos Sociais, “ é preciso superar o sistema político estabelecido no Brasil, a partir da democratização do poder com todos os segmentos da população. Para atingirmos isso, só com uma reforma política que promova uma mudança estrutural na concepção e na prática da democracia no Brasil, seja ela direta, representativa ou participativa”.

Para baixar a pesquisa, acesse: http://www.inesc.org.br/noticias/biblioteca/textos/inesc-lanca-o-perfil-dos-candidatos-as-eleicoes-2014-em-seminario-na-proxima-sexta-19-9

 

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