Só a reforma política vai acabar com a corrupção, afirma Dirceu

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O ex-ministro José Dirceu (PT) disse, na noite desta quinta-feira (17/11), que a corrupção no Brasil só vai acabar se o Congresso promover uma reforma política ampla, com financiamento público de campanha. “Nós sabemos que o caixa dois, (o problema com) as emendas parlamentares têm origem no sistema de financiamento privado. Os sindicatos e os trabalhadores precisam ir às ruas para pedirem a reforma política, porque é só ela que vai acabar com a corrupção”, afirmou Dirceu, durante a abertura do 7° Congresso dos Metalúrgicos do ABC, realizado no Pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo.

O ex-ministro fez uma análise do cenário político e econômico do país durante o evento. Citou as recentes mobilizações nas ruas contra a corrupção, como as que ocorreram no último feriado de 15 de novembro, para afirmar que o PT e o ex-presidente Lula foram responsáveis pela defesa da ética e transparência na política nas últimas décadas, e exclamou: “essa agenda (combate a corrupção), é a nossa agenda”.   Ao rebater recentes críticas feitas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aos governos Lula e Dilma, disse que os principais partidos de oposição como o PSDB, DEM e PPS estão fragilizados. “A oposição não encontra eco na sociedade”.

O ex-ministro ponderou que o principal desafio do país não é acabar com a corrupção, mas se defender de eventuais vulnerabilidades diante da crise econômica mundial. “A verdadeira batalha é impedir que o Brasil seja afetado pela crise internacional”. Destacou importância das políticas econômicas adotadas pelo governo Dilma para conter a guerra cambial. “O Brasil não está vivendo mais um governo progressista, está vivendo um governo que está implementando uma política de desenvolvimento nacional. Somos afetados com a guerra cambial, o que nos levou a adotarmos algumas medidas econômicas, como o Brasil Maior”, ponderou Dirceu.

Entretanto, lembrou que essas providências não são suficientes para o país evoluir,  há de se investir na qualificação de  mão de obra e na produção de commodities.  “Para enfrentarmos o desafio não basta adotarmos somente uma política de proteção cambial, temos de fazer uma revolução tecnológica e de educação.  E, não devemos olhar a curto prazo, tem de ser a médio prazo”. Dirceu também cobrou uma postura menos rigorosa do Banco Central em relação ao controle da inflação mediante alta de juros, o que favorece a concentração de riquezas nas mãos de poucas pessoas. “Foi  importante a presidente Dilma quebrar alguns tabus com controles fiscais. Agora temos de baixar os juros.  A redução de juros e da taxa selic é a maior distribuição de renda do Brasil”.

Ponderou que, a despeito da crise mundial, o Brasil está vivendo uma conjuntura favorável. “Criamos mais de 2,5 milhões de empregos, e vamos crescer 3% neste ano, isso é inédito no mundo”.  Dirceu criticou a política neoliberal de países da União Européia e dos Estados Unidos, segundo ele a política de “Estado mínimo” desses países foi responsável pelo agravamento da crise. “Os Estados Unidos só mantém a hegemonia pelo exército e pelo dólar, e tem um  déficit de 10% do PIB. O que levou a crise foi uma aventura de especulação de hipotecas e derivativos que fez os governos salvarem os bancos. O remédio que aplicaram na Europa foi o corte de gastos com a previdência e de salários. Por isso eles terão um crescimento de menos de 1%”

Congresso – Após 40 minutos da análise feita por José Dirceu, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, abriu o 7° Congresso da categoria com um discurso otimista em relação aos progressos dos trabalhos e da indústria da Região. “Esse Congresso é o momento mais importante da nossa categoria, porque ele vai nortear a direção da nossa gestão para os próximos três anos. Somos grandes produtores de automóveis e isso é motivo de muito orgulho. Mas, precisamos ser produtores de aviões, e expandirmos outras indústrias”, avaliou.

Na ocasião, Nobre fez uma homenagem a Lula, que está em tratamento contra um câncer de laringe. Uma foto do ex-presidente foi exibida no telão e o público foi convidado a se erguer para expressar  gesto de carinho através de um coro contagiante: “ole, olá, Lula, Lula…”. O  Congresso foi renomeado de Cidadão para Luiz Inácio Lula da Silva. Além de Nobre e Dirceu, a mesa do evento foi composta  pelo prefeito de Diadema, Mário Reali (PT), e por lideranças sindicais.

 

Fonte: ABCD Maior
Por: Rodrigo Bruder

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