Como participar da Greve Internacional de Mulheres no Brasil

 

“Se nossas vidas não importam, que produzam sem nós”. Esse é o mote da Greve Internacional de Mulheres, que está sendo organizada em ao menos 50 países em prol dos direitos femininos no 8 de março, Dia Internacional da Mulher.

Também chamada de Paro Internacional de Mujeres (PIM) e International Women’s Strike (IWS), o movimento transnacional inspirou-se nas paralisações organizadas em 2016 na Argentina, na esteira do feminicídio de Lucía Perez, e na Polônia, onde milhares vestiram preto e pararam suas atividades em repúdio ao retrocesso na legislação que regulamenta a interrupção da gravidez no país europeu.

“Como cidadãs conscientes, nós mulheres sabemos que o mundo está passando por uma fase de crise, mas não aceitamos que sejamos vítimas dela. Governantes de nossos países, fiquem atentos: sejam maduros e resolvam os problemas do mundo de uma maneira direta e gentil, sem nos prejudicar.

Nós, mulheres do mundo, anunciamos que, caso não sejam tomadas medidas efetivas para frear essas violências de maneira urgente e imediata, nós faremos uma greve unificada, no mundo todo. Somos mais da metade da população mundial e sabemos que o poder está em nossas mãos”, afirma a nota publicada pelas organizadoras do movimento.

Entre os países que aderiram à manifestação estão Estados Unidos, Chile, Equador, Irlanda, Coreia do Sul, México, Peru e Itália. No Brasil, atividades relacionadas à greve internacional, apelidada de 8M Brasil em alusão à data da convocação, estão sendo organizadas em 60 cidades em todo o país, incluindo 22 capitais.

Por aqui, os dois eixos do protesto, na maioria das localidades, é o posicionamento contra a violência de gênero e contra a proposta de reforma da Previdência do governo de Michel Temer, que pretende acabar com o direito de aposentadoria cinco anos antes do que os homens.

A Greve Internacional de Mulheres organiza-se de maneira horizontal, isto é, sem uma hierarquia central, e cada país ou cidade têm autonomia total para aderir da forma mais adequada à realidade local.

Uma das maneiras de adesão é a paralisação total ou parcial de atividades remuneradas, isto é, interromper no dia 8 de março sua ida ao local de trabalho, como forma de protesto. Como em muitos locais esse tipo de mobilização pode colocar os postos de trabalho em risco, as organizadoras sugerem também participações alternativas, como a “hora M”.

A ideia é parar o expediente durante uma hora, a ser decidida localmente, e utilizar esse tempo para discutir com as colegas de trabalho as desigualdades e desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho.

No Brasil, a maioria das cidades definiu o horário da paralisação entre 12h30 e 13h30. Em outras localidades, está sendo chamado também um “apitaço” como forma de protesto neste mesmo horário.

Outra forma de participar é interromper durante todo o dia 8 de março as atividades domésticas, tradicionalmente desempenhadas pelas mulheres, como cozinhar, limpar e cuidar. No Brasil, 46% dos homens adultos realizam trabalho doméstico. Entre as mulheres, esse número é de 88%. Tal quadro de desigualdade no trabalho doméstico não-remunerado não é exclusivo do Brasil.

 

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os homens gastam, em média, uma hora e 20 minutos com cuidados com os filhos e tarefas domésticas. Entre elas, o tempo dedicado às mesmas atividades são de duas horas e 30 minutos.

Usar peças de roupa ou adereços nas cores lilás, roxa ou violeta no dia 8 de março também é uma forma de demonstrar adesão ao movimento, assim como estender uma bandeira nas mesmas cores em frente a sua residência.

Participar de marchas ou protestos convocados por sindicatos, organizações e movimentos autônomos no Dia Internacional da Mulher é outra maneira das brasileiras manifestarem-se contra os retrocessos e a favor de seus direitos neste 8 de março.

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