Nos 23 e 24 de novembro, a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Politica organiza um Encontro com o objetivo de debater a necessidade de reconstrução/reconfiguração de um campo de esquerda no Brasil e o futuro da reforma do sistema politico.
Cenários possíveis para a retomada do debate publico e quais as estratégias para o próximo período marcaram os dias de debate, que envolveu tanto as entidades que fazem parte da Plataforma, como organizações que dialogam com as discussões sobre a reforma do sistema politico.
A primeira mesa do debate contou com a participação de Carmem Silva, representante da Articulação de Mulheres Brasilieras (AMB) e o professor titular do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, Luiz Felipe, em torno da discussão da reconfiguração do campo da esquerda no Brasil. Em síntese, duas vertentes foram trazidas no debate sobre a reorganização: a pluralidade de sujeitos e das formas de luta e os desafios da construção de uma institucionalidade.
O professor Luiz Felipe chamou a atenção sobre os limites claros da institucionalidade, tanto no que envolve da governabilidade quanto em relação ao crescimento do campo conservador e a diminuição das representações politicas que tenham identidade e compromisso com as pautas sociais.
” Estamos vivenciando um momento em que a institucionalidade atua de uma forma de contenção e não de expressão de lutas sociais. A difusão do conceito de governabilidade, com a ampliação da maioria e simplificação da politica, o avanço do campo conservador em que a participação social é repudiada e os esforços são para manter as estruturas hierárquicas vigentes, e o próprio cenário de golpe que fraturou a democracia liberal brasileira, fazem com que o desafio de pensar uma nova institucionalidade, que seja a expressão dos anseios populares, passe por uma unidade em torno da derrota do golpe e da mudança do sistema político”, defende o professor.
A representante da Articulação de Mulheres Brasileiras, Carmen Silva, fez a discussão sobre a pluralidade dos sujeitos e suas formas de organização, fazendo uma análise sobre a fragmentação das lutas e o desafio de novas estrategias de mobilização.
” Temos que entender as novas formas de organização, com novos sujeitos, que se apresentam e se organizam de forma autônoma e que estão fazendo resistência, embora não reconheçam a importância da organização partidária, da organização dos movimentos sociais e de ações coletivas que envolvam uma organização mais orgânica dos sujeitos. Isso é um desafio para pensarmos como organizar/reconfigurar esse campo de esquerda, por outro lado temos uma questão que envolve a fragmentação das ações de luta, em torno de bandeiras e pautas identitárias, e a distancia de um pensar mais macro, classista e que envolva a contradição capital/trabalho, isso traz problemas para agendas mais amplas, como a reforma política”, analisa Carmem.
O debate foi realizado após as falas das mesas, envolvendo um dos grandes objetivos do encontro: a construção da agenda da reforma do sistema politico, a partir de uma reorganização do campo da esquerda.
A segunda mesa acontecerá a partir das 14h, como debate sobre os acúmulos e desafios da agenda de debate político.
O evento está sendo transmitido ao vivo, pelo youtube, no link: https://www.youtube.com/watch?v=SrvcjftwDmk