Atingida pela Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (RO), Nilce de Souza Magalhães, de 58 anos, está desaparecida desde o dia 7 de janeiro. Integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a pescadora conhecida como Nicinha, tem forte atuação na luta pelos direitos humanos em Rondônia e, por isso, o movimento acredita que ela foi levada à força.
A última vez em que foi vista, Nicinha estava em sua casa, um barraco de lona montado em um acampamento com outras famílias de pescadores atingidos na localidade chamada de “Velha Mutum Paraná”, na altura do km 871 da BR 364.
Uma equipe do Corpo de Bombeiros esteve no local, fez uma busca terrestre e encontrou quebrada, nas proximidades de sua moradia, uma corrente que ela habitualmente usava no pescoço. “Todos os indícios do local indicam que ela foi levada a força. Ela estava fazendo comida, a máquina [de roupas] estava batendo, ela estava tomando remédio para a coluna e ficou tudo lá, sem ela tomar”, denunciou Francisco Kelvin Nobre da Silva, integrante do movimento em Rondônia que tem acompanhado o caso.
Investigação
A investigação da polícia civil não começou e, pelo que tudo indica – disse Silva -, pode não começar tão cedo. Segundo ele, a delegacia mais próxima foi notificada, mas informou não ter pessoal o suficiente para iniciar as buscas por Nilce. “Eles informaram que não tem contingente, que o delegado não está lá e não aparece para trabalhar”, disse. As buscas fluviais devem começar nesta semana.
Nilce vive na região do Alto Madeira há muitos anos. Pescadora experiente, ela é uma das principais ativistas na região na defesa da pesca, que foi fortemente impactada após o início da construção da Usina de Jirau pelo consórcio Energia Sustentável do Brasil (ESBR).