A Reforma Política e a Fé

Por Diácono Carlos Alberto

A Reforma Política e a Fé

A reforma política é um tema indigesto para muitos. Para os cristãos, entretanto, de modo particular para os católicos, o tema não deveria ser. Isso porque a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, em parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil-OAB e mais uma centena de entidades da sociedade civil organizada está acompanhando e participando do processo e dos reclames da nação que exige uma séria mudança no modo de fazer e encarar a política.

Para os maniqueístas que defendem que a Igreja não deve mexer com política, é necessário lembrar que a CNBB participa ativamente deste processo. E, por uma questão de consciência, assinala Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, bispo auxiliar de Belo Horizonte e responsável pela Comissão para o Acompanhamento da Reforma Política, trata-se de um ato que tem como motivação a vivência da fé.

Ademais, nossa fé cristã não permite que fiquemos de braços cruzados diante de tantos desvios de conduta e de recursos no mundo da política. A política é para o bem de todos, especialmente dos mais pobres, e não para o bem particular dos eleitos, seus familiares e seus grupos financiadores, lembra Dom Joaquim na apresentação da cartilha “Reforma Política Democrática Já”.

A cartilha é um subsídio publicado para ajudar as pessoas e as comunidades eclesiais a entenderem os pontos da Reforma Política que estão propostos e, entendendo, assinarem o Projeto. As reflexões acontecem nos círculos bíblicos e grupos de oração e tem o objetivo de buscar a tomada de consciência, a partir da fé em Jesus Cristo, e ajudar o Brasil a melhorar a política pelo bem de todos os brasileiros.

Dividido em quatro encontros, o subsídio “olha a realidade”, ouve e reflete a palavra de Deus, “semeia a Palavra no chão que pisamos”, depois faz “a partilha do Evangelho” entre os participantes dos grupos de oração e por fim, firma o “compromisso da comunidade” com as preces finais. É um momento em que a comunidade começa a apropriar-se desses conceitos, vencendo o pré-conceito de falar sobre o tema e, assim, perceber que todos fazem parte do projeto de Deus e somos convidados, pela força do Espírito Santo recebido ainda no Batismo, a colaborar com a construção de um mundo mais justo e igualitário para todos.

E foi bonito de ver, a primeira reunião ocorrida no círculo bíblico mais antigo num bairro de Brasilândia. A princípio receosos os participantes, a maioria deles já com idade avançada, mas abertos para entender o novo. O primeiro encontro falou da “construção da verdadeira democracia” e o segundo sobre “eleições livres do poder econômico”. O terceiro encontro adentrou ao tema das “eleições com representação igualitária”, e o último encontro refletiu sobre a necessidade de uma “democracia mais participativa”.

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