Nós, movimentos sociais, cidadãs e cidadãos abaixo-assinados, que estivemos sempre na luta por um mundo mais justo e igualitário ocupando as ruas, antes e agora manifestando nossas demandas e expressando nossas insatisfações,REAFIRMAMOS nossa identidade com a vigorosa e diversa participação popular que toma o Brasil nos últimos dias.
SAUDAMOS, especialmente a juventude, por tomar ruas e praças em diversas cidades do Brasil, dando novo ânimo às lutas de resistência e expressando a possibilidade de somar forças para a construção de um país mais justo e democrático.
ALERTAMOS para o interesse crescente das forças conservadores de direita, através dos seus meios de comunicação, em roubar a cena e direcionar a agenda dos protestos, para reduzir a pauta de reivindicações e desmoralizar os partidos políticos. Sabemos que os problemas contra que lutamos têm origem nos graves e estruturantes déficits no campo e nas cidades. Suas causas se devem ao privilegiamento dos interesses do agronegócio para exportação e do extrativismo comandado pelas grandes empresas transnacionais; ao sistema político patrimonialista, desigual e reprodutor de desigualdades; ao racismo, sexismo, às LGBTfobias institucionalizadas e à exploração desmedida e gananciosa do trabalho, provocando e mantendo as desigualdades estruturais da nossa sociedade. no acesso a educação, saúde, moradia e mobilidade nos espaços urbanos e rurais; à violência contra a juventude negra, as mulheres, a população LGBT, a classe trabalhadora.
RECHAÇAMOS, a forte repressão policial nos atos e nas periferias das grandes cidades, bem como os atos de violência e vandalismo perpetrados por pequenos grupos não identificados que se somam às multidões.
SOMOS CONTRA a criminalização da pobreza, da juventude e dos movimentos sociais do campo e da cidade, que ameaça e coíbe a justa e democrática expressão da vontade popular.
DEFENDEMOS o direito de todas as pessoas, grupos e partidos se manifestarem e defenderem suas causas neste grande encontro que toma as ruas de várias cidades do país.
As vozes que propagam o clamor da insatisfação geral têm expressado, além da revolta contra o aumento das tarifas de transporte público, a indignação frente aos gastos bilionários e as violações aos direitos humanos pelo projeto Copa e Olimpíadas, que orientam o modelo de desenvolvimento excludente nas cidades brasileiras e, em especial, na Amazônia; à transformação das cidades em mercadoria; aos avanços conservadorismo religioso, que se traduzem em projetos-de-lei como “Bolsa estupro”/Estatuto do Nascituro, “cura gay”, redução da maioridade penal e outras afrontas ao Estado Democrático de Direitos; e frente à escalada dos setores ruralistas para impedir agora a demarcação de terras indígenas e quilombolas, como já tentaram fazer com a Reforma Agrária.
Somos parte dessa multidão que se ergueu dos Comitês Populares da Copa, dos movimentos pelo Passe Livre, das Marchas das Vadias, dos movimentos Indígenas, dos movimentos de luta por moradia e pelo direito à cidade, dos movimentos estudantis, dos movimentos negr@s, dos movimentos de mulheres, dos movimentos de direitos humanos e dos movimentos do campo. Estamos nas ruas para denunciar todas as formas de discriminação e violação dos direitos.
22 de junho de 2013.
Movimentos e entidades que assinam esta nota:
Articulação de Mulheres Brasileiras – AMB
Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras – AMNB
Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente
Coordenação Nacional de Comunidades Quilombolas – CONAQ
Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social
MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
Plataforma DHESCA Brasil
Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos
Ação Educativa
CFEMEA – Centro Feminista de Estudos e Assessoria
Coordenação de Mulheres Quilombolas de Minas Gerais
Coletivo Marcha das Vadias DF
Comitê Popular da Copa DF
Criola – Organização de Mulheres Negras (RJ)
FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
Geledés – Instituto da Mulher Negra
Grupo Brasil e Desenvolvimento
Grupo Gay Mirindiba
IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
INESC – Instituto de Estudos Socioeconômicos
Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos
Terra de Direitos