Redação – Brasil de Fato
O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Adalberto Eberhard, pediu exoneração do cargo “por motivos pessoais” nesta segunda-feira (15). No pedido enviado ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, Eberhard diz que espera “ter contribuído para o alcance da missão deste órgão e correspondido às expectativas neste período”, e não detalha as razões para sua decisão.
Dois dias antes, no sábado (13), ele havia participado de uma agenda em Tavares (RS) ao lado de Salles. Na ocasião, diante de representantes do agronegócio local, o ministro ameaçou investigar agentes do órgão ambiental e determinou abertura de processo administrativo contra servidores que não estavam no evento.
O evento com os ruralistas sequer constava na agenda enviada aos funcionários.
“Não tem nenhum funcionário?”, questionou Salles. “Na presença do ministro do Meio Ambiente e do presidente do ICMBio, não há nenhum funcionário aqui. (…) Determino a abertura de processo administrativo disciplinar contra todos os funcionários”, acrescentou o ministro, no microfone, sob aplausos da plateia.
:: Por que Ricardo Salles agrada tanto aos ruralistas? ::
Nascido em Soledade (RS), Adalberto Sigismundo Eberhard é formado em Medicina Veterinária com especialização em animais silvestres. Antes de assumir o ICMBio, em janeiro de 2019, trabalhou como diretor do Departamento de Zoneamento Territorial do Ministério do Meio Ambiente, de 2011 a 2016, e como diretor da Fundação de Desenvolvimento do Pantanal.
No início de dezembro de 2018, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) havia criticado a atuação do ICMBio: “Não vou mais admitir o Ibama sair multando a torto e a direito por aí, bem como o ICMBio. Essa festa vai acabar”, disse o capitão reformado durante formatura de cadetes aspirantes a oficial do Exército na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ).
O instituto é responsável por propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e monitorar as unidades de conservação federais, além de fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e exercer o poder de polícia ambiental para a proteção da biodiversidade em todo o Brasil.
O Ministério do Meio Ambiente e o ICMBio não se pronunciaram sobre o caso até o momento.