Thais Chaves – Carta Capital
Em entrevista a programa da TV Bandeirantes na tarde desta quarta 27, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que “não houve ditadura no Brasil”, mas “alguns probleminhas”. Para ele, o período tido como um dos mais nefastos da história do país foi, na verdade, um obstáculo para que o Brasil não se tornasse comunista.
O presidente, fã confesso de ditadores aqui e de nossos vizinhos, citou uma passagem bíblica (“Conhecerais a verdade e a verdade vos libertará”) e seguiu um “regime nenhum é uma maravilha”. “Onde você viu uma ditadura entregar o governo de forma pacífica? Então não houve ditadura”, esbravejou.
A semana foi marcada pela determinação de Bolsonaro para que unidades militares celebrassem, no próximo domingo 31, os 55 anos do golpe. Uma claque formada por gente como o chanceler Ernesto Araújo e a deputada federal Joice Hasselman (PSL-SP) deram coro ao desvario.
De forma praticamente imediata, órgãos públicos se manifestaram repudiando a decisão do presidente. A Defensoria Pública da União protocolou uma ação civil para que a Justiça Federal proíba o governo e as Forças Armadas de realizar qualquer tipo de ato. O Ministério Público Federal emitiu uma nota defendendo que a ação presidencial fere o Estado Democrático de Direito e que pode configurar crime de responsabilidade.