Campanha da Fraternidade 2016 aposta no ecumenismo para o cuidado da ‘Casa Comum’

 

Lançada oficialmente nesta Quarta-Feira de Cinzas, 10 de fevereiro, no auditório Dom Helder Câmara, na sede da CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil], em Brasília, a IV Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) 2016 traz como tema a “Casa Comum, nossa responsabilidade”. A Campanha está em sintonia com os discursos do Papa Francisco sobre a responsabilidade conjunta pela Casa Comum e utiliza o ecumenismo para unir forças em prol do direito ao saneamento básico e de políticas públicas que garantam o futuro do Planeta.

Realizada pela CNBB e pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), a cada cinco anos, a Campanha ocorre de forma ecumênica, agregando diferentes expressões religiosas. A primeira CFE foi organizada no ano 2000 e teve como tema “Dignidade humana e paz”. Em 2005, a segunda edição tratou de “Solidariedade e paz”; e, em 2010, o tema versou sobre “Economia e vida”.

Durante a entrevista coletiva para o lançamento da Campanha, Dom Flavio Irala, presidente do Conic, destacou que a iniciativa pretende mobilizar igrejas, sociedade e governo em torno da urgência do saneamento básico como um direito humano fundamental. Segundo ele, a Campanha, que vem sendo elaborada há pelo menos dois anos, enfrentou alguns desafios, como, por exemplo, uma atual conjuntura religiosa que nem sempre está aberta às questões ecumênicas. “No entanto, o Espírito Santo sopra quando e onde quer e ele soprou para que essa Campanha acontecesse”.

Em carta, lida na coletiva de imprensa, o Papa Francisco expressou sua adesão à Campanha. “Eu me uno a todos os cristãos do Brasil e aos que, na Alemanha, se envolvem nessa Campanha da Fraternidade Ecumênica, pedindo a Deus – ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa, a contemplar com encanto, a reconhecer que estamos profundamente unidos com todas as criaturas no nosso caminho com vossa luz infinita”.

O Sumo Pontífice destacou ainda a importância do acesso à água potável como questão de sobrevivência. “Na encíclica Laudato Si’, recordei que o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para exercício dos outros direitos humanos; e que a grave dívida social para com os pobres parcialmente é saudada quando se desenvolvem programas para prover de água limpa e saneamento as populações mais pobres”.

 

Números

Dados divulgados pela Campanha mostram que:

·O Brasil é considerado campeão mundial em desperdício de água;

·As empresas de abastecimento de água apresentam índices de perda de água tratada de até 60% (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE);

·82% da população brasileira não têm acesso à água tratada (Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento Básico – 2013);

·Mais de 100 milhões de pessoas não têm acesso à coleta de esgoto;

·39% dos esgotos são tratados;

·Diariamente, são despejados na natureza o equivalente a 5 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento;

·10,6% dos domicílios não são contemplados pelo serviço público de coleta de resíduos sólidos (PNAD/2013);

·O Brasil está entre os 20 países do mundo nos quais as pessoas têm menos acesso aos banheiros;

·Entre as principais consequências por falta de saneamento e água potável estão doenças como cólera, hepatite, febre tifóide, infecções intestinais. No mundo, uma criança morre a cada 2,5 minutos por não ter acesso à água potável.

·Em 2013, ocorreram 340 mil internações por infecções gastrointestinais (DATASUS);

·O Brasil gera aproximadamente 150 mil toneladas diárias de resíduos sólidos;

·Cada pessoa gera, em média, 1 quilo de resíduos sólidos diariamente;

·São Paulo gera entre 12 mil a 14 mil toneladas diárias de resíduos sólidos.

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