No segundo dia da 52ª Assembleia Geral da CNBB nesta quinta-feira, 1º de maio, Dia do Trabalhador, a coletiva de imprensa destacou as considerações dos bispos sobre a questão agrária, a reforma política e a comemoração dos trabalhadores e trabalhadoras em seu dia.
Dom Dimas Lara Barbosa apresentou aos jornalistas os temas que estão na pauta dos bispos neste dia. Entre eles, o texto que a Comissão para o Laicato divulgará nesta tarde sobre os leigos e leigas, os trabalhos de revisão do Missal Romano pela comissão dos textos litúrgicos, o relatório da participação das dioceses e outras instituições na composição do Texto de Estudo 104, a análise do Texto da Questão Agrária e a reforma política na proximidade das eleições.
Participaram neste segundo dia, o arcebispo de São Paulo (SP), cardeal Odilo Pedro Scherer; o arcebispo de Feira de Santana (BA) e presidente da Comissão Episcopal para o Texto da Questão Agrária, dom Itamar Vian; e bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação da CNBB, dom Joaquim Giovani Mol Guimarães.
A reforma política
Dom Joaquim Mol apresentou um panorama sobre as atividades e ações em vista da reforma política, tanto da CNBB como também da Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas que envolve mais de 90 entidades civis. O trabalho desta entidade segundo dom Joaquim, nasceu da necessidade de unificar as diversas ações em vista do mesmo objetivo para reforçar e fortalecer o andamento da reforma política no país. “Estamos envolvidos em uma grande campanha cívica de cidadania que envolve o tema da reforma política”, disse.
Há mais de 15 anos a reforma política se arrasta no Congresso, a esse respeito, dom Joaquim Mol considerou:
“O Congresso Nacional já fez seis tentativas de reforma politica e nenhuma foi adiante. Porque na realidade fazer reforma política significa mexer na organização, por exemplo, do sistema eleitoral, além do sistema político e que diz respeito aos interesses não só pessoais, mas grupais das pessoas que estão no Congresso Nacional”.
No último dia 22, foi lançada em Brasília (DF), na Câmara dos Deputados, a cartilha sobre o Projeto de Lei de Iniciativa Popular pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, intitulada ‘Por um sistema político identificado com as reivindicações do povo’. Na mesma ocasião foi lançada a Coalizão Parlamentar pela Reforma Política, que conta com o apoio, segundo dados da OAB, de 170 parlamentares. Ações que tomaram proporção com o desenvolvido da Coalizão destacada por dom Joaquim.
A questão agrária
O documento ‘A Igreja e a questão agrária brasileira’ deverá ser votado na próxima segunda ou terça-feira, disse dom Itamar aos jornalistas no início de sua fala na coletiva.
O arcebispo lembrou que o texto vem sendo elaborado desde 2009, e que a questão sobre a reforma agrária sempre esteve na pauta dos bispos, porém como o último documento a respeito desse assunto foi publicado em 1980 era necessário um novo documento que contemplasse a realidade atual.
“São 34 anos que a CNBB não publica um documento sobre questões de terra. É um direito da Igreja evangelizar o social e a partir deste direito que estamos preparando esse documento”, sublinhou.
Ao falar sobre o conteúdo do material, dom Itamar frisou o apelo que os bispos da Igreja no Brasil fazem com o novo documento. “Que todos nos unamos em um verdadeiro mutirão para que essas questões tão tradicionais e históricas possam ser minimizadas em nosso país”.
O trabalho na visão da Igreja
Dom Odilo que presidiu pela manhã a missa deste segundo dia retomou a mensagem sobre a questão do trabalho no Brasil na coletiva.
Dom Odilo falou sobre as diversas controvérsias que existem no campo do trabalho, como a falta de mão de obra por causa da falta de formação profissional, a realidade dos estrangeiros que buscam emprego no país, e muitos destes, que vivem em condições precárias e até análogas de escravidão.
O cardeal destacou que a visão humanística da Igreja sobre o trabalho se contrapõe ao modelo mecanicista e materialista sobre o trabalho.
“Se se olha o trabalho apenas nesta chave, nós temos o risco de cairmos numa armadilha, isto é, de favorecer com muita facilidade o lado econômico, ou seja, o lado da moeda, em vez da pessoa”.
‘A Igreja na sua visão, na visão da Doutrina Social da Igreja vê o trabalho primeiramente como ocasião de valorização da pessoa e depois da afirmação da dignidade da pessoa”.
Fonte: A12