Reforma política, o que esperamos?

 

A guerra que prometem ser as próximas campanhas em 2014 movimenta desde já os mais complexos recursos para os candidatos alcançarem o melhor lugar no pódio. A comunicação dos governos está aplicada na produção de uma usina de relatórios, balanços de 30, 60, 90, 150 dias, dois anos e, daqui a pouco, de três. O ponto de partida, de quando se instalou o governo ou administração avaliada, é invariavelmente próximo da fome. A cabo de tais períodos, com os números sempre relativos, a realidade se transforma como que ao saudável encontro da satisfação social.
 
 
À parte, também articulando com intensidade, o ativismo das trincheiras, onde se articulam a destruição de imagens, reputações, de resultados, numa bem engendrada trama comandada por estatísticos, cientistas políticos, comunicadores, muitas vezes servidos da ardilosa cooperação de hackers e tipos semelhantes. Também há trabalho para os profetas do êxito e do progresso, do desenvolvimento econômico e social, muitas vezes fundado em promessas sem base ou na efetividade de execução irresponsável dos orçamentos públicos, ampliando o quadro de nossas incertezas e de nossas dificuldades.
 
 
Já há muito que as campanhas eleitorais deixaram para trás os embates ideológicos, o entrechoque das ideias e a afirmação de compromissos com a coletividade. Vimos ser bem-sucedida uma trajetória infeliz de táticas assistencialistas, concessão de bolsas de estudo, cadeiras de rodas, empregos e promoções funcionais. Também tivemos a era dos brindes, dos shows ao vivo de cantores e bandas e, por último, a contabilidade de tempos de TV para se exibirem candidatos e seus programas de atuação.
 
 
Há dias, num programa de entrevistas da televisão, o historiador e cientista político da USP Marco Antônio Villa ressaltou a baixa qualidade do material humano entregue pela sociedade às nossas casas legislativas; a cada eleição. Frisou ainda que essa falta de qualidade vem se afirmando com vigorosa velocidade, nesses mesmos momentos de renovação das nossas representações, nos Poderes Legislativo e Executivo. Essa é a realidade e acomodarmo-nos nos expõe sempre mais ao perigo da fragilidade das nossas instituições.
 
 
Está na promessa da presidente Dilma e dos atuais parlamentares, deputados federais e senadores, a perspectiva de que seja discutida, votada e implantada uma ampla e profunda reforma política no Brasil. Sem tal reforma, discutida com profundidade e seriedade, nesse processo presentes as entidades representativas da sociedade civil brasileira, assistiremos à nossa crescente degradação política e social. O que estamos esperando?
Por Luiz Tito 

A guerra que prometem ser as próximas campanhas em 2014 movimenta desde já os mais complexos recursos para os candidatos alcançarem o melhor lugar no pódio. A comunicação dos governos está aplicada na produção de uma usina de relatórios, balanços de 30, 60, 90, 150 dias, dois anos e, daqui a pouco, de três. O ponto de partida, de quando se instalou o governo ou administração avaliada, é invariavelmente próximo da fome. A cabo de tais períodos, com os números sempre relativos, a realidade se transforma como que ao saudável encontro da satisfação social.

 
À parte, também articulando com intensidade, o ativismo das trincheiras, onde se articulam a destruição de imagens, reputações, de resultados, numa bem engendrada trama comandada por estatísticos, cientistas políticos, comunicadores, muitas vezes servidos da ardilosa cooperação de hackers e tipos semelhantes. Também há trabalho para os profetas do êxito e do progresso, do desenvolvimento econômico e social, muitas vezes fundado em promessas sem base ou na efetividade de execução irresponsável dos orçamentos públicos, ampliando o quadro de nossas incertezas e de nossas dificuldades.
 

Já há muito que as campanhas eleitorais deixaram para trás os embates ideológicos, o entrechoque das ideias e a afirmação de compromissos com a coletividade. Vimos ser bem-sucedida uma trajetória infeliz de táticas assistencialistas, concessão de bolsas de estudo, cadeiras de rodas, empregos e promoções funcionais. Também tivemos a era dos brindes, dos shows ao vivo de cantores e bandas e, por último, a contabilidade de tempos de TV para se exibirem candidatos e seus programas de atuação.

 
Há dias, num programa de entrevistas da televisão, o historiador e cientista político da USP Marco Antônio Villa ressaltou a baixa qualidade do material humano entregue pela sociedade às nossas casas legislativas; a cada eleição. Frisou ainda que essa falta de qualidade vem se afirmando com vigorosa velocidade, nesses mesmos momentos de renovação das nossas representações, nos Poderes Legislativo e Executivo. Essa é a realidade e acomodarmo-nos nos expõe sempre mais ao perigo da fragilidade das nossas instituições.
 

Está na promessa da presidente Dilma e dos atuais parlamentares, deputados federais e senadores, a perspectiva de que seja discutida, votada e implantada uma ampla e profunda reforma política no Brasil. Sem tal reforma, discutida com profundidade e seriedade, nesse processo presentes as entidades representativas da sociedade civil brasileira, assistiremos à nossa crescente degradação política e social. O que estamos esperando?

 
Publicado em, Portal O Tempo

 

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