Mulheres nos
Espaços de Poder​

Mulheres nos Espaços de Poder
Nós mulheres somos metade da humanidade e estamos sub representadas em todos os espaços de poder. Mas, entre nós, existem diferenças e desigualdades. Mesmo entre as mulheres da classe trabalhadora, o racismo e o etnocentrismo fazem com que mulheres negras e de povos indígenas sejam ainda mais minoritárias nestes espaços. Situação que também ocorre, de forma diferenciada, com mulheres lésbicas, trans, jovens, com deficiência, rurais e periféricas, por exemplo. Se estas situações se cruzam, maior é o prejuízo politico do grupo social que formam. Isso tudo ocorre porque a vida cotidiana e a nossa atuação política são estruturadas pelas relações sociais do sistema patriarcal, racista e capitalista. Estes sistemas que colonizam o País e querem normatizar os nossos corpos e nossas formas de vida.
Contra tudo isso nos levantamos e construímos o movimento feminista de forma autônoma e horizontal, e contando também com coletivos feministas que se formam no interior de outros movimentos sociais. Buscamos atuar juntas na construção da força politica feminista. Podemos dar exemplos: a primavera feminista, a marcha das margaridas, a marcha das mulheres negras, o movimento #elenão, a frente pela legalização do aborto e o festival pela vida das mulheres…estamos juntas em muitas lutas locais e participamos politicamente em todos os movimentos sociais levando nossas pautas e assumindo outras pautas também.
Temos atuado com força pela transformação do sistema politico desde quando começamos a construir a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político.

A forma como esse sistema está organizado legalmente contribui para a interdição da participação política de nós mulheres, e ainda mais se somos mulheres negras, indígenas e de classes populares. Essa conjugação atua na forma como organizamos nossos cotidianos e tempos para o exercício de tarefas e funções sociais que nos são impostas. Para organizar-se politicamente é preciso ter tempo e, para isso, torna-se indispensável a democratização também da vida cotidiana e a responsabilização compartilhada. O trabalho dedicado ao cuidado de pessoas que não podem se autocuidar (crianças, enfermxs, pessoas idosas), da alimentação e da casa nas famílias tem de ser realizado de forma compartilhada e corresponsabilizada por todxs da família e também pelos serviços públicos. É preciso gerar condições para o exercício da paridade na política, mas no trabalho reprodutivo também.

Soma-se a esta interdição a cultura política predominante, que é patriarcal, racista e patrimonialista, o que estabelece que a política é para os da classe dominante, homens brancos e proprietários. Impedir nossa participação política é uma forma de manter nossa subalternidade e desigualdade no acesso a direitos e políticas públicas. As condições de vida concreta das mulheres de esquerda, que atuam nos movimentos sociais e as imposições sociais que nos responsabilizam pelos trabalhos domésticos e pelos cuidados, como toda demanda afetiva que isso representa, também inviabiliza nossa participação política, em especial na forma como ela é organizada, longe de casa e em horários incompatíveis.

Por isso, nós mulheres somos maioria nos movimentos populares locais e muito minoritárias nas direções nacionais (ou nos cargos de maior poder) e nos partidos políticos e no parlamento.Durante o tempo em que o movimento feminista constrói essa luta e atua na plataforma, temos elaborado várias propostas de mudam no sistema político pra ampliar a participação das mulheres. A principal é a defesa da paridade entre os sexos como regra eleitoral e geração de condições de paridade como ação afirmativa capaz de favorecer a presença das mulheres nos espaços de poder. Cotas, fundo partidário, tempo nos programas de rádio e TV, paridade nas direções de partidos e movimentos, foram conquistas recentes, mas não foram capazes de ampliar o poder das mulheres nos parlamentos.

 

Questões para debater