Realizado nos dias 6 e 7 de dezembro, o 4º Encontro Nacional da Plataforma dos Movimentos Sociais por Outro Sistema Político reuniu em Brasília diversas representações para, conjuntamente, traçar estratégias de incidência para 2025 e 2026. A Plataforma é composta por mais de 150 organizações, movimentos e articulações de todo o Brasil e neste mês de dezembro completa 20 anos de atuação.
Os trabalhos foram centrados em três grandes objetivos: aprovar a terceira versão do documento ‘A democracia que queremos’; construir estratégias conjuntas de enfrentamento à extrema direita; e escolher um novo Grupo de Referência.
Avanço da extrema direita
Os debates tiveram início com uma análise de conjuntura guiada por Nilma Bentes, do Cedenpa (Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará) considerando a centralidade do tema sociomabiental na era dos extremos climáticos que impactam sobremaneira comunidades e populações historicamente vulnerabilizadas, Iara Moura, do Intervozes (Coletivo Brasil de Comunicação Social), que levantou provocações sobre as conexões entre informação, comunicação e a luta democrática, e Carmen Silvia, do Instituto Feminista para a Deocracia, SOS Corpo, que apontou quesões acerca do debate do sistema político numa perspectiva interseccional.
“A extrema direita se fortalece vinda, sobretudo, dos Estados Unidos, via teologia da prosperidade, seguida pela teologia do domínio. Ambas são muito ruins para a democracia pois não pressupõe o diálogo e o inimigo é visto como um inimigo e como um inimigo ele precisa ser eliminado”, observou Nilma Bentes.
Apesar do alívio da derrota eleitoral da extrema direita nas últimas eleições presidenciais, a derrota para governos estaduais e o parlamento se manteve. Por isso, fortalecer as lutas frente ao avanço da extrema direita é central na garantia da democracia.
Estratégias para o fortalecimento
Carmen Silva lembrou que para isso será preciso priorizar dois pontos fundamentais: a incidência no Congresso Nacional para diminuir as possibilidades de retrocessos dos nossos direitos – em especial no que diz respeito ao processo eleitoral, com ênfase no financiamento e nas candidaturas de mulheres e pessoas negras – e a ocupação das ruas. “Precisamos construir a nossa participação autônoma na política na tentativa de mobilizar a sociedade para mudar a correlação de forças na qual nós nos encontramos”, ressaltou.
Eixos de atuação
E para que isso seja possível, José Moroni, do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), salientou que o fortalecimento da Plataforma é essencial. Nesta perspectiva, seis grandes eixos são estruturantes para a construção de um outro sistema político. São eles:
1. Fortalecimento da democracia direta.
2. Fortalecimento da democracia participativa.
3. Aprimoramento da democracia representativa: sistema eleitoral e partidos políticos.
4. Democratização da informação e da comunicação.
5. Democratização do sistema de justiça.
6. Democratização da economia.
“Esses eixos relacionam-se entre si sem nenhuma perspectiva de hierarquização. Não há, na perspectiva da Plataforma, um sombreamento de temas uns sobre os outros. Isso não quer dizer, de forma alguma, que não tenhamos o entendimento que o que estrutura a nossa sociedade, portanto o Estado e o sistema político é o racismo, o patriarcado, as classes e a dimensão dos territórios”, pontuou Moroni.
Grupo de Referência (GR)
Para dar continuidade aos trabalhos da Plataforma dos Movimentos Sociais por Outro Sistema Político pelos próximos dois anos, foram conduzidas para o Grupo de Referência (GR):
Rede Brasileira de Justiça Ambiental.
CAMP (Centro de Assessoria Multiprofissional).
Tenda das Candidatas.
Coletivo Vai ter Gorda
Fórum Ecumênico Brasileiro/Koinonia/.
Coletivo Popular Direito à Cidade.
PJR (Pastoral da Juventude Rural)
AMNB (Articulação de Mulheres Negras Brasileiras).